MP do salário mínimo é garantia de reposição da renda, defende a CUT
22 de agosto 2023
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Esta semana é crucial para que os trabalhadores e trabalhadoras do país mantenham direitos retomados pelo governo Lula (PT). Um deles é a política de valorização do salário mínimo que havia sido abandonada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2019. Para que o piso nacional seja reajustado acima da inflação, Lula editou a MP (Medida Provisória) nº 1172/2023, cujo prazo de validade termina na próxima segunda-feira (28).
O texto já foi apreciado por Comissão Mista do Congresso Nacional, mas ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal dentro deste curto prazo de tempo.
O argumento da oposição para a não aprovação do teor da MP na íntegra é o de que o governo federal incorporou ao texto mudanças nas regras de taxação para investimentos no exterior – as offshore,- empresas abertas no exterior por ricos que conseguem desta forma escapar do pagamento do imposto de renda sobre seus lucros. Segundo estimativas do Banco Central, os ricos do país têm R$ 1 trilhão em investimentos no exterior. A taxação das offshore é um ponto de discórdia dos parlamentares que não querem a aprovação desta parte do texto, de acordo com apuração feita pela imprensa.
O governo diz que a cobrança de imposto sobre offshore é necessária para que possa haver o aumento da faixa de isenção do IR (Imposto de Renda), em 2024, para quem tem renda de até R$ 2.640, que beneficiará 13 milhões de contribuintes. Durante a sua campanha eleitoral Lula disse que quer isentar quem ganha até R$ 5 mil, até o final do seu mandato.
A isenção do IR também foi incluída na mesma MP do salário mínimo. Pela Lei de Reponsabilidade Fiscal, o governo é obrigado a apontar outras formas de arrecadação para suprir a perda que terá com o aumento da alíquota de isenção. Por isso que a isenção maior nas alíquotas do IR está atrelada à taxação de offshore.
Para discutir as emendas do Senado ao projeto, o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), teria reunião na segunda-feira (21) com os líderes partidários e técnicos do Ministério da Fazenda.
O secretário de Relações do Trabalho da CUT Nacional, Ari Aloraldo do Nascimento diz que tanto a valorização do salário mínimo quanto a redução na alíquota do imposto de renda são fundamentais para que o trabalhador reponha o seu poder de compra.
“Se não houver redução da alíquota do imposto quem ganha um salário mínimo daqui a algum tempo vai ser taxado. Nós defendemos que o governo vá além e aumente o número de alíquotas para que o índice de contribuição seja melhor distribuído e quem ganha mais, pague mais”, diz Ari Aloraldo.
De 1976 a 1978 o país tinha 16 faixas de renda com alíquotas de zero a 50%. Depois as faixas de renda foram caindo até ficar nas atuais cinco e o máximo de 27,5%. A última vez que a tabela foi reajustada foi em 2015 no governo Dilma (PT).
Hoje as faixas do IRPF são as seguintes:
- Até R$ 2.112,00 - isento
- De R$ 2.112,01 até R$ 2.826,657 (5%) R$ 158,40
- De R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05 (15,0%) dedução R$ 370,40
- De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68 (22,5%) dedução R$ 651,73
- Acima de R$ 4.664,68 (27,5%) dedução R$ 884,96