Movimento sindical discute enfrentamento da violência de gênero no mundo do trabalho
27 de novembro 2024
O abismo de remuneração entre os homens e mulheres no Brasil seria ainda maior não fosse a atuação do movimento sindical nas negociações coletivas. A avaliação foi destaque na roda de conversa "As experiências do movimento sindical no enfrentamento à violência de gênero no mundo do trabalho", promovida pela Secretaria da Mulher na CUT-SP em parceria com a ONG Margarida Barreto, na última segunda-feira (25/11).
O evento faz parte da programação dos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher, realizado desde o dia 20 de novembro - Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, com realização de várias atividades pelos movimentos sociais, no Brasil inteiro.
"Segundo dados do 2º Relatório de Transparência Salarial, divulgado em março pelos Ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego, as mulheres recebem, em média, 20,7% a menos do que os homens em todo o mercado de trabalho do país. Esse percentual é semelhante ao que acontece na categoria bancária. Então, ainda existe um desafio muito grande para a igualdade salarial de gênero. Ao mesmo tempo, as conquistas que os Sindicatos obtiveram ao longo dos anos, nas mesas de negociação, foram e ainda são fundamentais, porque, como no caso da categoria bancária, não garantiram apenas reajustes acima da inflação, mas ganhos específicos às mulheres, como a Licença-maternidade de 180 dias; Licença-paternidade de 20 dias; auxílio creche ou auxílio babá; e combate ao assédio moral e sexual no trabalho", explicou Phamela Godoy, coordenadora do projeto de assessoria jurídica para mulheres vítimas de violência doméstica, o “Basta! Não Irão nos Calar!”, realizado pela Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro). Ela participou do encontro para abordar as conquistas das mulheres bancárias na CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) da categoria.
"Na Campanha Nacional deste ano, que gerou a renovação da CCT com validade até 2026, ampliamos o leque de conquistas, com medidas para reforçar o combate ao assédio moral, sexual e outras formas de violência no trabalho; programas de prevenção à violência contra a mulher bancária e contra a mulher na sociedade; compromisso para que os bancos cumpram a lei federal de igualdade salarial entre homens e mulheres, além de bolsas de estudo para atrair e reter mulheres no setor que mais cresce nos bancos, que é o de Tecnologia da Informação, com prioridade às mulheres negras", completou Phamela.
Outras ações pelo país dos 21 dias de luta
A categoria bancária, em todo o país, segue realizando atividades dos "21 dias pelo fim da violência contra a mulher", que termina em 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Nesta semana, as dirigentes do Sindicato das Bancárias e Bancários de Brasília lançaram um canal inédito para denúncias de assédio moral, sexual e outras violências no trabalho.
Em Pernambuco, o Sindicato das Bancárias e Bancários realizou um dia de campanha para divulgar o canal local de assessoria jurídica a mulheres vítimas de violência de gênero "Basta! Não irão nos Calar!".
Nesta quinta-feira (28), Phamela Godoy, participará, de forma virtual, ao lado da presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, e da secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes do lançamento do 14º canal do "Basta!".
"Estamos muito felizes, porque este novo canal, lançado pelo Sindicato das Bancárias e Bancários do Pará, é mais um passo que fortalece o projeto que já conquistou muitos resultados positivos para proteger a vida de mulheres em todo o país", observou Fernanda Lopes.
Atualmente existem canais em 13 entidades sindicais bancárias que cobrem 388 cidades das cinco macrorregiões do país. Segundo a secretária da Mulher da Contraf-CUT, até setembro deste ano, 482 pessoas foram atendias pelas assessorias jurídicas. “Desse total, em dois casos quem nos procurou foram homens, parentes de mulheres vítimas. Em todos os 482 atendimentos, foram registrados relatos de, pelo menos, duas formas de violência doméstica e/ou familiar, com maior incidência das violências físicas e psicológicas”, explicou.
Todos os atendimentos geraram 452 ações judiciais (em alguns casos uma atendida demandou mais de um processo judicial). Desse total, 267 pedidos de medidas protetivas de urgência, com base na Lei Maria da Penha, foram gerados sendo que, atualmente, 264 estão vigentes.
Leia também: Atuação de bancárias amplia rol de medidas protetivas na Lei Maria da Penha
Confira abaixo os canais Basta! Não irão nos calar! em funcionamento:
1. São Paulo, Osasco e Região,
via whatsapp (11) 97325-7975;
2. Piracicaba e Região, canal SindBan Acolhe,
via telefone (19) 3417-1333;
3. Campinas e Região, canal Mulher não se cale!,
via whatsapp (19) 99814-6417;
4. Brasília, canal Viva Sem Violência,
via whatsapp (61) 9292-5294;
5. Pernambuco, canal Basta! Não irão nos calar!,
via whatsapp (81) 97347-3585;
6. Paraíba, canal Basta de Violência Doméstica contra Mulher,
via whatsapp (83) 9123-9845;
7. ABC, canal Basta! Não irão nos calar!,
via whatsapp (11) 98244-1637;
8. Rio de Janeiro, canal Basta! Não irão nos calar!,
via whatsapp (21) 98013-0042;
9. Porto Alegre e Região, canal Basta! Não irão nos calar!,
via whatsapp (51) 97401-0902;
10. Belo Horizonte e Região, canal Basta! Não irão nos calar!,
via telefone (31) 3279-7800;
11. Rondônia, canal Basta! Não irão nos calar!,
via telefone (69) 9214-0464;
12. Catanduva e Região, canal Basta! Não irão nos calar!,
via telefone (11) 99591-7733;
13. Jundiaí e Região, canal Basta! Não irão nos calar!,
via whatsapp (11) 99591-7733.
Fonte: Contraf-CUT