Mobilização dos trabalhadores conquista revogação da CGPAR 42
29 de abril 2024
Após intensa
pressão das entidades representativas dos trabalhadores das estatais, o governo
revogou a resolução 42 da CGPAR 42(Comissão Interministerial de Governança
Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União),
substituindo-a por um novo texto que atende, em grande parte, às demandas dos
trabalhadores. A medida retira o que era considerado o pior aspecto da
resolução: o limite de 50% imposto às empresas no custeio dos planos de saúde
dos empregados.
“Estivemos engajados durante mais de 3 meses em negociações e mobilizações na
revogação dessa resolução e na construção de um novo texto que atendesse os
anseios dos bancários dos bancos públicos. Mas, desde antes dessa mesa de
negociações, já estávamos trabalhando no Congresso Nacional com a nossa base
parlamentar em projetos de lei contra essa resolução editada pelo governo
Bolsonaro e que tanto prejudicava a Classe Trabalhadora”, lembrou o secretário
de Relações do Trabalho da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores
do Ramo Financeiro), Jeferson Meira, o Jefão,
Agora, com a publicação da resolução substituta, a CGPAR 52 (leia aqui),
a participação da empresa estatal federal no custeio de planos de saúde poderá
ser de 70% da despesa total. Para o presidente da Fenae (Federação Nacional das
Associações do Pessoal da Caixa), Sergio Takemoto, outro importante avanço,
também demanda dos trabalhadores, é a livre negociação entre os Sindicatos e as
estatais para determinar benefícios e direitos nos acordos coletivos,
reconhecendo a autonomia gerencial das empresas estatais, observando a
exposição de riscos das empresas. No caso das empresas dependentes da União,
haverá manifestação prévia da Sest (Secretaria de Coordenação e Governança das
Estatais). “Foi muito importante revogar essa medida que tanto prejudicou os
trabalhadores, e é muito satisfatório poder retomar o diálogo com o governo
eleito pela classe trabalhadora, mas a luta não para aí. Vamos analisar todos
os pontos da medida com muita cautela e, se necessário, voltaremos a conversar
com o governo”, afirmou.
Takemoto, entretanto, alerta para outra batalha – a retirada do teto de 6,5% da
folha de pagamentos, que impõe o estatuto da Caixa, na limitação do custeio do
Saúde Caixa. Outra norma questionada é a CPC 33, que estabelece que
instituições financeiras devem constituir uma provisão atuarial dos chamados
“benefícios pós-emprego”, como planos de saúde e previdência complementar.
Apesar dos avanços, contudo, a nova resolução não supera todos os problemas da
CGPAR 42, pois continuam em vigor algumas restrições que impedem que sejam
incorporadas a acordos futuros a concessão de licença prêmio e abono
assiduidade, gozo de férias superior a 30 dias e a incorporação de
gratificações de cargos em comissão e funções gratificadas. E foi introduzida
uma nova vedação: a de que sejam concedidos adicionais por tempo de serviço aos
trabalhadores das empresas. Esses direitos poderão ser mantidos apenas para as
empresas que já tinham acordos coletivos em que eles fossem previstos.
Representantes da Contraf-CUT e da Fenae participaram das negociações
A Contraf-CUT e a
Fenae integraram a comissão entre representantes dos trabalhadores das estatais
e da Sest (Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais), do
Ministério da Gestão e da Inovação, criada para debater alternativas para edição
do novo texto que substituiria a CGPAR 42. Foram diversas reuniões até que o
diálogo com o governo sinalizasse o atendimento às demandas dos trabalhadores.
Fonte: Contraf-CUT, com informações da Fenae