Governo Lula adota ações para socorrer povo Yanomami

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24 de janeiro 2023

Desde que vieram a público, na semana passada, imagens e informações sobre o grave estado de saúde, desnutrição severa, casos de malária e de IRA (infecção respiratória aguda) no povo Yanomami, que vive nos arredores de Boa Vista, em Roraima, estarreceram o mundo. A situação dos indígenas é de abandono total pelo governo federal na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que ignorou pelo menos 21 pedidos socorro feitos pelas lideranças locais e de ativistas ambientais em agosto do ano passado. Com a invasão dos garimpeiros ao território Yanomami em busca de ouro, contando com a conivência do governo Bolsonaro, os rios foram degradados pelo mercúrio usado na mineração e a utilização de dragas, o que comprometeu a pesca na região. De acordo com informações do Ministério da Saúde, 570 crianças morreram nos últimos tempos, sendo 505 com menos de um ano de idade. Ao receber a denúncia sobre a situação de descaso do governo anterior com o povo indígena, o presidente Lula, juntamente com sua esposa Janja, ministros e outras pessoas ligadas à área da saúde e lideranças indígenas, foi a Roraima no último sábado (21/01) e determinou a adoção de uma série de medidas urgentes para amparar o povo Yanomami. “É desumano o que eu vi aqui”, disse Lula, responsabilizando diretamente o ex-presidente pela tragédia humanitária. Entre as ações que já estão em curso foi organizada uma rede logística para o transporte de suprimentos e das pessoas entre as aldeias e a cidade, como a melhoria de pistas de pouso de aeronaves em regiões mais próximas às comunidades. O Ministério da Saúde também foi acionado e decretou estado de emergência para poder planejar, organizar e colocar em prática medidas para assistir à população do território da tribo indígena, que tem uma população aproximada de 30 mil pessoas. Genocídio O Ministério dos Povos Indígenas divulgou na sexta-feira (20) que 99 crianças do povo Yanomami morreram devido ao avanço do garimpo ilegal na região. Os dados são referentes a 2022, e as vítimas foram crianças entre 1 a 4 anos. As causas da morte são, na maioria, por desnutrição, pneumonia e diarreia. Além disso, em 2022 foram confirmados 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, distribuídos entre 37 Polos Base. As faixas etárias mais afetadas estão entre maiores de 50 anos, seguida pela faixa etária de 18 a 49 e de 5 a 11 anos. “Se em vez de fazer motociata, ele tivesse vergonha e viesse aqui pelo menos uma vez, quem sabe esse povo não estivesse tão abandonado como está”, disse Lula se referindo as prioridades de Bolsonaro. O presidente também disse que “vai levar muito a sério a questão de acabar com o garimpo ilegal”. Sem dar detalhes nem prazo, afirmou reconhecer os obstáculos para combater a atividade, que foi amplamente estimulada pelo governo Bolsonaro. “Eu sei da dificuldade de se tirar o garimpo ilegal. Já se tentou outras vezes, mas eles voltam. Indignados com a situação de abandono do povo Yanomami, deputados do PT (Partido dos Trabalhadores) ingressaram com representação criminal no MPF (Ministério Público Federal) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por suspeita de crime de genocídio contra os povos Yanomami. A senadora eleita Damares Alves, ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, bem como todos os ex-presidentes da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), também são alvos da ação. Já Apib (Articulação Brasileira dos Povos Indígenas) denunciará a situação desumana e o genocídio dos Yanomami ao Tribunal Penal Internacional de Haia. De acordo com o colunista do UOL Jamil Chade, a Apib já realizou levantamento de informações. Dentro de algumas semanas, as denúncias estarão incorporadas a processo já aberto pela entidade em Haia. A Polícia Federal também está apurando o crime de genocídio e degradação ambiental nas terras indígenas de Roraima, seguindo determinação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. Por Armando Duarte Jr. com informações da CUT Nacional e Rede Brasil Atual