Fundos de pensão vão atuar para o país voltar a criar emprego e renda
14 de março 2023
Os recorrentes ataques do presidente Lula e de membros de sua equipe à alta de juros, na intenção de recolocar o país na rota de crescimento econômico, são manifestações de um governo que vai trabalhar para criar emprego, renda, proteção social e inclusão. Adepto dessa linha, o novo diretor-superintendente da Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar), Ricardo Pena, não tem dúvida de que seu papel à frente da autarquia vinculada ao Ministério da Previdência Social é fomentar o desenvolvimento dos fundos de pensão, resgatar direitos e a proteção dos assistidos, e também articular a atuação do segmento no crescimento econômico do país.
Nesta entrevista exclusiva à jornalista Patrícia Cunegundes, da Anapar (Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão e de Beneficiários de Saúde Suplementar de Autogestão), Ricardo Pena desenha seu projeto de gestão à frente da Previc, poucos dias após tomar posse.
Além da retomada do crescimento do setor de previdência complementar fechada, Ricardo Pena elenca seus objetivos e desafios, e fala sobre temas, como a mitigação de riscos, investimentos, marco regulatório, entre outros pontos de interesse dos participantes e assistidos de fundos de pensão.
“Vai ser um trabalho de todo o sistema. Aa credibilidade é o nosso produto principal e devemos trabalhar para recuperar o setor de previdência complementar, fazer crescer e aumentar a formação de poupança previdenciária com o objetivo de formar um segundo pilar de proteção social e contribuir para o crescimento econômico do País”, afirma.
Confira a entrevista
Segundo o Relatório Anual da Previc 2010, nos primeiros governos do presidente Lula houve um crescimento significativo dos ativos da previdência complementar fechada, saindo de R$ 240 bilhões, em 2003, para R$ 509 bilhões, em 2010. Acha que é possível a retomada do crescimento das EFPC?
Sim. Os governos dos presidentes Lula e Dilma, entre 2003 a 2015, foram um período de grande desenvolvimento da previdência complementar. Tivemos (e eu participei quando fui diretor/Secretário do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito); e Superintendente da Previc, e, depois, quando presidi por nove anos a Funpresp-Exe): a Emenda Constitucional nº 41 de 2003; a Lei 11.053, de 2004 (novo regime tributário com a tabela regressiva); a figura do Instituidor; o Decreto 4.942, de 2003 (regime disciplinar); a Lei nº 12.154, de 2009 (que criou a Previc, o Conselho Nacional de Previdência Complementar – CNPC, a Câmara de Recursos da Previdência Complementar – CRPC, instituiu o Termo de Ajustamento de Conduta – TAC); abertura do segmento de investimentos no exterior (Resolução CMN 3792, de 2009), Lei 12.618 de 2012 (que criou as Funpresp e introduziu o Regime de Previdência Complementar – RPC para os servidores públicos); Lei 13.183, de 2015 (que criou a adesão automática para os servidores públicos federais). Ou seja, o setor teve atenção.
Mas vamos ter que reconstruir o trabalho a partir da discussão sobre a necessidade de revisão do excesso regulatório e sancionatório, das facilidades de retirada de patrocínio e da financeirização dos planos previdenciários. Para isso, de forma dialogada com os atores do sistema, poderemos realizar um diagnóstico e propor medidas que retomem esse crescimento e importância da previdência complementar.
Dentre os objetivos da agenda da Previc a partir de 2023, com base no Relatório de Transição de 2022 para um novo governo democrático e popular, como já divulgado anteriormente, estão:
- Resgatar os direitos e a proteção dos interesses dos participantes e assistidos
- Descriminalizar os fundos de pensão e incentivar o ato regular de gestão
- Fomentar o crescimento da previdência complementar no Brasil
- Implantar efetivamente a supervisão baseada nos riscos
- Rever a financeirização dos planos de benefícios, em especial para os servidores públicos
- Aprovar o novo regime sancionador
- Reincorporar o segmento de imóveis, aperfeiçoar os investimentos em FIP e abrir um segmento de aplicação em economia de baixo carbono
- Fortalecer a atuação da Previc no desenvolvimento da previdência complementar