Funcionários do Banco do Brasil temem privatização

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26 de outubro 2022

Funcionários do Banco do Brasil estão preocupados com a sinalização, cada vez mais forte, do atual governo de privatizar a instituição. O ministro da Economia, Paulo Guedes, que continuará no cargo caso ocorra a reeleição de Jair Bolsonaro (PL), conseguiu tirar do papel a privatização de Eletrobrás, Correios e BR Distribuidora, tendo manifestado diversas vezes que o BB está “na fila”. “Observamos preocupados esse interesse de vender o BB, que coloca em risco tanto o futuro dos trabalhadores quanto o futuro do País, dada a importância dos bancos públicos para o desenvolvimento do Brasil e como indutor da economia local”, avalia Rafael Matos, que foi o primeiro Representante dos Funcionários (Caref) eleito no Conselho de Administração do BB. Ainda em 2020, o atual presidente da República declarou em uma entrevista à Veja seu interesse em entregar o banco ao mercado somente em 2023, portanto, em caso de reeleição. Em entrevista mais recente à mesma revista, ele voltou a defender as privatizações sob o argumento de que “quanto mais Estado, pior”. A atual Caref, Débora Fonseca, destaca também que o medo de privatização é um sentimento crescente entre os colegas, “porque são recorrentes as falas do ministro da Economia colocando o BB na pauta de privatizações”, por isso, a eleição presidencial passa a ter uma importância especial. “Precisamos avaliar qual candidato se compromete não só com a manutenção do banco, mas também com sua utilização como mecanismo de recuperação econômica”, pondera. Desmonte silencioso O coordenador da CEBB (Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil), João Fukunaga, alerta que o BB passou, nos últimos quatro anos, por um processo de redução no número de agências e funcionários, que remete ao mesmo caminho que levou à privatização de outros bancos públicos. “Foram mais de 1.500 agências fechadas e mais de 10.500 funcionários dispensados no período”, relata. Fernanda Lopes, funcionária do BB e secretaria de Mulher da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), pontua que, “além de reduzir a oferta de serviço bancário à população”, o processo de encolhimento do banco sobrecarrega os trabalhadores, com aumento de denúncias de assédio moral e metas abusivas. “Há necessidade de mais contratações pelo BB, não apenas para reequilibrar as tarefas entre os funcionários, mas também para melhorar o atendimento aos clientes, porque, nesse processo de desmonte, periferias e pequenas cidades são as que mais sofrem com filas de espera”, completa. Leia também: Resolução 15 da Previc não ameaça fundos de pensão, o que ameaça é a privatizaçãoGuedes volta a atacar empresas públicas Fonte: Contraf-CUT