Funcef: aumento da meta atuarial é um dos caminhos para reduzir equacionamento
14 de maio 2024
Uma manobra da
Funcef (Fundação dos Economiários Federais) em 2017 continua prejudicando os
participantes. Naquele ano, a Fundação reduziu a meta atuarial de 5,5% para 4,5%, mesmo com os
planos de benefícios atingindo rentabilidade. Essa redução, interpretada como uma
estratégia para facilitar o cumprimento da meta com mais comodidade para a
diretoria.
O preço do comodismo é pago pelos participantes. Essa medida custou cerca de R$ 6,5 bilhões de reais em reservas a serem
compensadas apenas no plano Saldado. Valor que custou
muito aos participantes, especialmente em época de equacionamento. No
REG/Replan Saldado e Não Saldado, o valor foi praticamente equivalente ao
déficit acumulado nos dois planos até setembro (R$ 6,6 bilhões) de 2018. Caso
não houvesse ajuste na meta atuarial, o déficit poderia ter sido zerado ou
mantido em valores.
Aos participantes do Reg Replan Saldado e Não Saldado, a diminuição da taxa significou um aumento do déficit, impactando ainda
mais o equacionamento. Os participantes da ativa do Novo Plano e REB também
sofrem as consequências, pois estão pagando um “equacionamento vitalício” com a
redução da taxa. Como são planos de contribuição variável, qualquer redução na
projeção de valorização das cotas de cada participante resulta no cálculo de um
benefício menor. O impacto da redução da taxa no benefício projetado foi de cerca de 10,9%
na renda mensal vitalícia, em comparação com os valores
calculados antes da redução. O prejuízo pode ser um pouco maior para mulheres e
para os mais jovens.
Em todos estes casos, os participantes custearam sozinhos a aplicação da medida
prudencial, através do impacto em seus benefícios, e sem qualquer contrapartida
da patrocinadora. À época, o presidente da Funcef era Carlos Vieira, atual
presidente da Caixa.
Reverter essa decisão equivocada adotando uma taxa de juros da meta atuarial
mais adequada é um dos caminhos apontados pelo GT (Grupo de Trabalho) entre
Fenae (Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa Econômica
Federal), Contraf/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo
Financeiro) e a Anapar (Associação Nacional dos Participantes de Fundos de
Pensão) para minimizar o equacionamento do Reg/Replan Saldado.
“Temos conhecimento que a Funcef e Caixa vão apresentar a proposta para reduzir
o impacto do equacionamento. No entanto, é fundamental ressaltar que não iremos
aceitar qualquer proposta que viole os direitos dos participantes ou que não
inclua um aumento na taxa de juros da meta atuarial. O erro cometido em 2017,
que resultou em um aumento do déficit e prejudicou todos os participantes, não
apenas aqueles que estão pagando o equacionamento, mas também os do REB e do
Novo Plano, precisa ser corrigido. A solução para o equacionamento não pode ser
às custas de mais prejuízo aos participantes”, destacou o presidente da Fenae,
Sergio Takemoto.
Leonardo Quadros, diretor de Saúde e Previdência da Fenae, argumenta que a taxa
de juros da meta atuarial praticada pela Funcef está significativamente abaixo
da taxa de retorno dos investimentos. “Para se ter uma ideia, mais de 90% dos
ativos do Novo Plano e do REB estão aplicados em títulos públicos marcados na
curva, que pagam mais de 1% acima da meta. No caso do Saldado, o percentual
supera os 55%. Ou seja, parte significativa dos ativos dos planos já supera a
taxa de juros da meta. Além disso, a Portaria 308/2024 da Previc estabelece um
parâmetro de 4,74% para a taxa de juros da meta, permitindo um limite superior
de 5,14% para planos com a mesma duração do Saldado, o que está acima dos 4,5%
praticados atualmente pela Funcef. Então por que manter a atual situação dos
planos, prejudicando o benefício dos participantes?”, questiona.
Além disso, Leonardo observa que, no Novo Plano e no REB, a redução da meta
atuarial beneficia a patrocinadora em caso de superávit do plano, uma vez que,
pela legislação, a patrocinadora não participa dos prejuízos decorrentes da
redução, mas se beneficia dos resultados superavitários.
Fonte: Fenae