CUT defende aprovação do texto original do Arcabouço Fiscal no Senado
25 de maio 2023
O texto do Arcabouço Fiscal foi aprovado na terça (23/05) na Câmara dos Deputados
Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
A Câmara dos Deputados aprovou, na noite de terça-feira (23/05), o texto-base do novo Arcabouço Fiscal que deve substituir o Teto de Gastos, mais conhecido como “PEC da Morte” ou de “PEC do Fim do Mundo”, imposto ao país pelo governo de Michel Temer (MDB). Foi uma vitória do governo Lula e do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que conseguiram aprovar o projeto com larga margem. A regra fiscal contou com 372 votos favoráveis, 108 contrários e uma abstenção. Por se tratar de um projeto de lei complementar, eram necessários os votos de pelo menos 257 dos 513 deputados.
Na semana passada, houve 367 votos a favor do Requerimento de Urgência. A medida permitiu que o Arcabouço fosse analisado diretamente no plenário, sem a necessidade de passar por Comissões Temáticas. Após a análise dos destaques a ser concluída na quarta (24), o projeto seguiu para o Senado.
Embora a aprovação do novo Arcabouço Fiscal tenha sido uma vitória do governo Lula (PT), para que o país possa voltar a investir, acabando com o Teto de Gastos Públicos, a CUT entende que as mudanças no texto original, impedem a expansão dos investimentos necessários para que o país possa crescer com geração de emprego e renda. Veja abaixo o que foi aprovado.
O secretário de Finanças da CUT Nacional, Ariovaldo de Camargo defende que o texto original da proposta do governo deve ser reconstituído no Senado para que o país possa ter o desejado equilíbrio fiscal, mas sem penalizar áreas importantes.
“É imperativo que o Senado Federal retome o debate do Arcabouço Fiscal a partir da proposta inicial, encaminhada pelo Ministério da Fazenda, no sentido de que gastos com saúde e educação e investimentos não estejam incluídos. Que, de fato, tenhamos um equilíbrio fiscal a partir das contas públicas, mas sem que se coloque travas em investimentos necessários em áreas essenciais, destruídas pelo governo anterior”, afirma.
O dirigente Cutista reforça que a preocupação com a questão fiscal não pode estrangular a possibilidade de novos investimentos em desenvolvimento, saúde e educação e, inclusive, colocando em risco a Política de Valorização do Salário Mínimo.
Camargo ainda cita que é fundamental a ‘remontagem’ do Estado com a valorização do serviço público e contratação de novos servidores, por concursos, para recuperar a qualidade dos serviços prestados.
Entenda, em linhas gerais, o que estabelece a proposta do governo e as mudanças aprovadas pela Câmara
A proposta do governo fixa o limite de crescimento dos gastos a 70% da variação da receita primária nos 12 meses anteriores. Por exemplo: se o total arrecadado for de 1.000 reais, o governo poderá subir suas despesas em no máximo 700 reais; um intervalo para a meta de resultado primário das contas públicas – a diferença entre o que o governo arrecada e o que ele gasta, excluindo o pagamento de juros da dívida pública.
A banda prevê crescimento real da despesa (acima da inflação) entre 0,6% (piso) e 2,5% (teto) ao ano; e projeta que se o resultado primário das contas ficar acima do teto da banda, a parte excedente poderá ser utilizada para aumentar os investimentos A recíproca, porém, está presente: se o resultado primário ficar abaixo do intervalo estipulado, as receitas só poderão crescer até 50% da receita no exercício seguinte.
O relator da proposta na Câmara, Cláudio Cajado (PP-BA), acrescentou “gatilhos” ao texto.
Caso a meta fiscal seja descumprida em um ano, o governo ficará proibido de:
- Criar cargos, empregos ou funções que impliquem aumento de despesas;
- Criar ou majorar auxílios;
- Criar ou reajustar despesas obrigatórias;
- Conceder ou ampliar incentivos fiscais
- Aumento e reajuste de pessoal;
- Admissão de pessoal;
- Realização de concurso público
- os recursos da educação e da saúde serão mantidos em patamares mínimos, diferente de outros momentos, sobretudo nos primeiros mandatos do presidente Lula, em que o Ministério da Educação contou com transferências acima do mínimo constitucional e que resultaram na ampliação das Universidades Federais e dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, com valorização de seus profissionais; e
- a inclusão dessas transferências constitucionais obrigatórias no cômputo do novo teto de gastos comprime outras despesas e investimentos, especialmente em áreas sociais e de combate à fome.