O resultado da Consulta Nacional às Bancárias e Bancários 2023 foi apresentado neste domingo (6/08), último dia da 25ª Conferência Nacional d@s Bancári@s, que acontece na capital paulista. O levantamento foi realizado pela Contraf-CUT(Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e teve as respostas compiladas e analisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Quase 20 mil bancários de todo o país, sindicalizados ou não, participaram da pesquisa sobre temas relacionados ao dia a dia de trabalho e de repercussão nacional.
“A consulta é fundamental, porque torna-se um instrumento para a percepção dos anseios dos trabalhadores e das trabalhadoras em diversas questões, como como saúde, condições de trabalho e ações sindicais. Também recolhemos informações referentes a reforma tributária, a política praticada pelo Banco Central, igualdade salarial entre homens e mulheres e combate a fake news“, explicou a economista pela PUC de São Paulo e técnica do Dieese, que fez a apresentação dos resultados.
Perfil
A consulta ocorreu entre 7 de julho e 2 de agosto, reunindo 19.967 respostas. Desse total, 54,9% se identificaram como do sexo masculino e 43% do sexo feminino.
Em relação a raça/cor, 68,7% se apresentaram como brancos; 23,1% como pardos; 5,7% como pretos; 2,3% amarelos e 0,2% indígenas.
Sobre a idade dos entrevistados, a maior parcela (24,6%) das respostas foi de trabalhadores acima dos 50 anos. A segunda faixa etária que mais respondeu foi a entre 36 e 40 anos (20,8); seguida pelos grupos entre 41 e 45 anos (17,0%); entre 46 e 50 anos (14,2%); 31 a 35 anos (10,5%); 26 a 30 anos (9,7%); 21 a 25 anos (2,1%); e até 20 anos (0,7%).
Em relação ao tempo de banco, 42,7% afirmaram mais de 16 anos; 26,2% entre 11 e 15 anos; 15,1% entre 6 e 10 anos e 14,5% até 5 anos.
Bancos e locais de trabalho
Em relação ao local de trabalho, 74,6% dos pesquisados trabalham em agências, contra 24,8% em departamentos.
A maior parte dos consultados é dos cinco maiores bancos do país: 27,8% do Banco do Brasil; 23,0% da Caixa Econômica Federal; 18,7% do Bradesco; 12,9% do Itaú/Unibanco; e 9,3% do Santander.
Home office
A pesquisa observou um leve recuo no volume de bancários em home office (teletrabalho). Na Consulta anterior, 69,9% diziam não exercer trabalho remoto em nenhum dia da semana. Neste ano, o percentual aumentou para 72,2%.
Entre os que atuam em home office, 16,7% o fazem em três ou mais dias da semana; 5,6% durante dois dias na semana; e 2,1% um dia na semana.
O teletrabalho é uma conquista da categoria, que se tornou a primeira a incluir a modalidade em cláusulas na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), obtida durante a Campanha Nacional dos Bancários de 2022.
Saúde
“A categoria bancária representa cerca de 1% do emprego formal no Brasil e 25% dos afastamentos acidentários pelo INSS por doenças mentais e comportamentais. Esse cenário pode estar vinculado à forma como estão estabelecidas e cobradas as metas dentro dos bancos”, destacou Catia Uehara na leitura da apresentação.
Houve um aumento de bancários e bancárias que tomam medicamentos controlados nos últimos 12 meses. O índice passou de 35,5%, na consulta feita em 2022, para 41,9% na deste ano.
Quando questionados se a cobrança excessiva para o cumprimento de metas impacta na saúde, as respostas também foram preocupantes:
- 68% têm preocupação constante com o trabalho;
- 61% apresentam cansaço e fadiga constante;
- 52% disseram estar desmotivados e sem vontade de ir ao trabalho;
- 46% apresentam crises de ansiedade/pânico;
- 42% têm dificuldade em dormir, até mesmo nos fins de semana.
- 29% apresentam crises constantes de dor de cabeça;
- 28% dor ou formigamento nos ombros, braços ou mãos;
- 28% dores de estômago/gastrite nervosa;
- 26% vontade de chorar sem motivo aparente;
- 21% omitem dor ou doença para não se prejudicar;
- 21% episódios de pressão alta.
- 53,5% – Definição de metas, levando em consideração o porte da unidade, a região, o número de empregados, a carteira de clientes, o perfil econômico;
- 46,7% – As metas devem ser proporcionalmente readequadas em períodos de redução do quadro de trabalhadores nas unidades, como acontece nos casos de férias, afastamentos ou licenças;
- 38,9% – Maior participação dos bancários na definição das metas e mecanismos de aferição;
- 27,6% – Treinamento para gestores que envolvam valorização dos trabalhadores, respeito à diversidade, cooperação, trabalho em equipe e combate ao assédio moral/sexual.
- 85,4% aprovam ampliação da faixa de isenção do imposto de renda cobrado sobre a PLR;
- 78,5% aprovam isenção do imposto de renda para quem recebe salário de até R$ 5 mil;
- 74,2% são favoráveis à cobrança de imposto sobre grandes fortunas, para pessoas físicas com riqueza acima de R$ 10 milhões;
- 61,9% são favoráveis à democratização do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), com maior participação de outros segmentos da sociedade civil, como trabalhadores, não apenas do setor patronal;
- 59,5% aprovam o fim da isenção de imposto de renda para lucros e dividendos pagos a acionistas de empresas.
- 86% afirmam que são favoráveis à redução da taxa básica de juros (Selic);
- 50% defendem que Roberto Campos Neto seja substituído do comando da entidade.