Caixa: velhos problemas prejudicam atendimento
04 de abril 2024
O programa Pé-de-Meia, do
Governo Federal, que beneficiará 2,5 milhões de estudantes, com recursos que
chegam a 7,1 bilhões ao ano, tem gerado filas enormes nas imediações das
agências da Caixa Econômica Federal em todo o país.
“O programa é excelente! Visa combater a evasão escolar no ensino médio e, com
isso, reduzir a desigualdade social a partir da melhora na educação da
juventude”, disse a coordenadora da CEE (Comissão Executiva dos Empregados) da
Caixa e representante eleita pelos trabalhadores para representá-los no
Conselho de Administração do banco, Fabiana Uehara Proscholdt.
Leia mais abaixo:
- falta
de planejamento, dados incompletos e problemas de sistemas geram filas
enormes nas imediações das agências da Caixa;
- problemas
são semelhantes aos vistos durante a pandemia de covid-19, para pagamento
aos beneficiários do Auxílio Emergencial
- imagem
da Caixa e do Governo Federal são “arranhadas” desnecessariamente;
- movimento
sindical cobra planejamento antes do lançamento destes programas; aumento
do efetivo de trabalho; solução dos problemas nos sistemas da Caixa;
investimento em tecnologia; suspensão das metas comerciais;
- esclarecimentos
e informações sobre o programa.
“País das maravilhas”
“Estão vendendo
um mundo maravilhoso
de facilidades aos beneficiários. Dizem que os estudantes sequer
precisam ir às agências, basta baixar e utilizar o aplicativo Caixa Tem e que
sequer é preciso fazer qualquer tipo de cadastro, pois a habilitação é
realizada com informações da matrícula na rede pública de educação e do Bolsa
Família”, observou.
Fabi, como a coordenadora da CEE é chamada pelos colegas de trabalho no banco,
alerta que, na realidade, este “mundo maravilhoso” não existe. “Nada disso está
funcionando direito e tudo acaba estourando nas agências da Caixa. Os
empregados, que já estavam sobrecarregados e tendo que se virar para superar os
problemas de sistemas da Caixa, cumprir suas tarefas e as metas de vendas de
produtos estipuladas pelo banco, agora têm que resolver os problemas para que
os estudantes tenham acesso ao benefício do programa Pé-de-Meia”, observou. “O
fato é que o atendimento leva mais tempo e as filas se prolongam”, completou,
ao explicar que, para atender o público, as empregadas e empregados estão sendo
submetidos a jornadas abusivas e extenuantes de até 12 horas diárias, que os
levam a exaustão e ao adoecimento.
Veja vídeos das filas geradas pelo Pé-de-Meia:
“Este ‘mundo
maravilhoso’, inventado pelos bancos privados para justificar a redução de
pessoal e o fechamento de agências, com a venda dos serviços de mobile
bank e o direcionamento dos clientes para os serviços nos caixas de
autoatendimento, esconde que nem todo mundo tem smartphones e
planos de internet em seus celulares, que a população não tem conhecimento
adequado para o uso destas ferramentas e que os clientes continuam preferindo o
atendimento caloroso de um ser humano, não a frieza de uma máquina”, observou
Fabi.
A coordenadora da CEE lembra que, durante a pandemia já
havia ocorrido situação semelhante. “Já tínhamos visto que a fake news criada
pelos bancos para escamotear a política de redução de custos, na busca
incessante do aumento da rentabilidade e do lucro, em detrimento dos clientes e
dos empregados, torna-se visível na Caixa. Porque a Caixa não é banco privado!
Ela cumpre seu papel social de atendimento às necessidades da população,
principalmente da mais carente. E isso precisa ser levado em conta antes do
lançamento deste tipo de programa”, observou.
Imagem arranhada
Para Fabi, apesar
dos inúmeros benefícios sociais, o programa acaba sendo maculado pela falta de
planejamento, por problemas nos sistemas da Caixa e pelo aumento da sobrecarga
de trabalho.
Além dos empregados, a população também sofre as consequências da falta de
planejamento. “É uma desnecessária exposição negativa da imagem do banco e do
governo. Lançam o programa sem que a operacionalização seja organizada. Nada
disso estaria acontecendo se o movimento sindical tivesse sido ouvido para
contribuir no planejamento. Já vínhamos cobrando melhorias nos sistemas,
investimentos em tecnologia, ampliação do quadro de pessoal e melhores
condições de trabalho. Isso é bom para os empregados, mas principalmente para a
população”, reforçou.
- Perguntas e
respostas sobre o Pé-de-Meia
- Veja quem tem
direito
Fabi reforça que quem faz a gestão da Caixa precisa conhecer o banco, seu
funcionamento e seu papel para a sociedade. “Se tem uma demanda desse tamanho,
precisa direcionar os esforços para o atendimento social e suspender as metas
comerciais até que a demanda seja atendida. Por isso, defendemos a Caixa 100%
pública”, disse.
Na terça-feira (2), a coordenadora da CEE, o presidente da Fenae (Federação
Nacional das Associações do Pessoal da Caixa), Sergio Takemoto, e o
diretor-presidente da Associação do Pessoal da Caixa do Estado de São Paulo,
Leonardo Quadros, encontraram os vice-presidentes da Caixa das áreas de
Logística, Operações e Segurança, Marcelo Campos Prata, e de Tecnologia e
Digital, Laércio Roberto Lemos de Souza, e aproveitaram para cobrar soluções
para:
- os
problemas nos sistemas da Caixa;
- investimentos
em tecnologia;
- recomposição
do quadro de pessoal na rede de agências e em diversas áreas que foram
desmontadas em gestões anteriores;
- suspensão
das metas comerciais, para que seja possível a priorização do atendimento
à grande demanda gerada pelo programa Pé-de-Meia;
- divulgação
em massa;
- da
priorização do atendimento aos beneficiários do Pé-de-Meia;
- da
necessidade de inserção, pelas secretarias de educação, dos dados dos
estudantes elegíveis ao programa;
- da
suspensão das metas comerciais;
- do
calendário de atendimento escalonado.
Fonte: Contraf-CUT