Após 100 dias, Lula quer ‘obras a todo vapor’ para estimular o emprego local

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12 de abril 2023

“Otimista” e “mais experiente” após completar 100 dias do seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a partir de agora a prioridade do governo é retomar as obras paradas e lançar um novo plano de investimentos em infraestrutura. “Se fazer política social nos primeiros três meses foi importante, agora a obsessão é gerar empregos. E gerar emprego significa fazer a economia crescer”, afirmou o presidente em entrevista ao programa A Voz do Brasil. O novo programa, ainda sem nome, se inspira no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), lançado em 2007. Desta vez, além dos investimentos diretos e do financiamento público, o governo deve apostar também nas PPPs (parcerias público-privadas). Assim, como ocorreu anteriormente no PAC, Lula quer que as empresas escolhidas para executar as obras contratem trabalhadores locais. “Vamos repetir isso, tentando convencer a boa política de fazer com que o trabalhador tenha emprego perto de casa, para que não tenha que pegar dois, três, quatro ônibus para ir trabalhar. Se a empresa contratar na própria comunidade a gente vai facilitar a vida do trabalhador. E assim a gente cria uma nova turma de profissionais para fazer com que a cidade, a comunidade, a vila, se desenvolvam”. Ele destacou que esse programa vai ser implementado em diálogo com estados e municípios. Atualmente a Casa Civil analisa as demandas de governadores e prefeitos sobre as obras que consideram prioritárias em suas regiões. “Em maio, a gente vai chamar os governadores outra vez para dizer quais as obras nós vamos tocar em cada estado”. "Fazer a roda gigante da economia voltar a girar" Na entrevista, Lula não tratou diretamente das altas taxas de juros no país. Mas destacou a retomada das políticas de financiamento agrícola, como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar). Também destacou a necessidade de estabelecer políticas de crédito para cooperativas, além de pequenos e médios empreendedores. De acordo com o presidente, o “dinheiro tem que circular”. “Esse dinheiro tem que gerar mais riqueza. Gerando mais riqueza, tem que gerar mais emprego. E assim vai gerar mais salário, que significa mais renda e consumo. É essa coisa fácil que todo mundo sabe, mas não faz. E nós temos que fazer. Fazer a roda gigante da economia voltar a girar”. Ele também destacou o impacto econômico do fortalecimento das políticas sociais, como a ampliação do novo Bolsa Família, por exemplo. Mas tão importante quanto os recursos investidos, Lula destacou condicionantes do programa. “Por isso que dissemos que se a pessoa que recebe não colocar o filho na escola, vai perder o Bolsa Família. Se não levar os filhos para vacinar, também. Se a mulher que está gestante não fizer os exames que a medicina exige, ela também perde. Isso é punição? Não, isso é educação”. Viagem à China Lula embarcou na terça-feira para a China. O intuito da viagem, segundo ele, é “consolidar” as relações com o gigante asiático, maior parceiro comercial do Brasil. O presidente afirmou que as relações com os chineses ficaram “amortecidas” desde o golpe do impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff. Sem citar nomes, disse que seu antecessor – Jair Bolsonaro – “não entendia nada de política externa”. Um dos objetivos do governo Lula é retomar o “protagonismo internacional”, nas palavras do presidente. Além de ampliar a exportação de produtos primários aos chineses, Lula citou que também quer oferecer produtos mais avançados, e citou os aviões da Embraer. Mais do que isso, o presidente quer atrair investimento chinês para novos projetos. “O que nós queremos é construir uma parceria com os chineses. Queremos fazer sociedade com os chineses para fazer investimentos em coisas que não existem. Uma nova rodovia, uma nova ferrovia, uma hidrelétrica, por exemplo”. Por Tiago Pereira/Rede Brasil Atual